Fundo do Túnel
No regresso de terras de “nuestros hermanos”, como o asfalto a percorrer era muito, e sem prejudicar a minha concentração rodoviária, fui pensando e reflectindo em tudo o que vi, ouvi e senti durante aqueles dias de convívio entre pares.
Analisando a situação lusitana, no que diz respeito as bibliotecas móveis, creio que ainda existe alguma desconsideração por este serviço, que penso ser de excelência e com excelentes resultados, não só ao nível da aproximação e divulgação do objecto livro como da promoção desse nobre acto que é a Leitura, através da criação de redes de proximidade, cumplicidade e até de amizade.
Para além disso este serviço joga, em zonas mais isoladas, um papel predominantemente social de apoio a populações que o crescimento e o desenvolvimento apenas deixou marcas como a solidão e o isolamento, em parte devido ao maciço êxodo rural que padeceram e padecem.
Sem menosprezo para o trabalho diário de grande parte dos meus colegas de ofício, lançava aqui um pequeno desafio/provocação.
Planeiem a “fuga” dos vossos gabinetes, salas de leitura, depósitos, salas de reuniões e apostem no serviço itinerante de biblioteca!
Experimentem as sensações diárias de dever cumprido, como bibliotecários acima de tudo, mas experimentem principalmente a sensação de “luz ao fundo do túnel”, proporcionado pela versatilidade e a miríade de novas profissões em que nos temos de especializar para irmos ao encontro dos desejos e anseios dos nosso utilizadores.
Creio que muitos companheiros de profissão após essa experiência, única irão ver os serviços itinerantes com outros olhos e contribuir para que este tipo de recurso tenha um efectivo renascimento em Portugal e transformemos as actuais e futuras Bibliotecas Itinerantes em dignas herdeiras das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian, verdadeiras “luzes” que com certeza iluminaram e iluminam hoje em dia, com toda sua influência, muitos antigos utilizadores.
O Papalagui