O fim de mais uma jornada é acompanhado pelo suave e terno deslizar do sol rumo as serranias, porto de abrigo que o acolhe no seu lado lunar.
Ainda no interior da última paragem da jornada, reconheço um olhar e uma voz que reclamam a minha presença. È um dos habituais frequentadores (hoje ausente) das nossas tertúlias quinzenais:
- Boas Tardes!
- Olá Amigo Boas Tardes! Então tudo em ordem? Hoje não apareceu!
- É verdade estou aqui a espera das senhoras do Centro de Dia!
Desço da Bibliomóvel e vou ao seu encontro, cumprimento-o e damos dois dedos de conversa. Na ombreira de uma porta uma placa em mármore branco sobressai no negro do xisto, nela está inscrita uma expressão:
– COKA MISSAVA –
Questiono-me sobre o seu significado e pergunto o seu valor:
- Sabe…! Em Moçambique…! Havia uma altura do ano que a água corria do céu, havia muita cheia…, os rios transbordavam e alagavam as terras e as estradas. Nas fazendas fazia-se tudo, e mais houvesse, para evitar que a água levasse o trabalho de um ano. Construíam-se diques e barreiras de terra e pedras.
Eu era capataz de uma fazenda e nessas alturas estava sempre a gritar: Puxa Terra, Puxa Terra !!
Assim ficou o nome – COKA MISSAVA – que na fala deles significa o Puxa Terra.
Mais um dia, mais histórias de uma vida, mais um ensinamento para a vida.
O Papalagui
ALVITO DA BEIRA - SOBRAINHO DOS GAIOS