crónicas de um bibliotecário-ambulante
Biblioteca
Itinerantes: levar, transportar, disponibilizar Biblioteca e sempre algo mais…
A raiz identitária das
bibliotecas itinerantes sempre foi ir e estar junto daqueles que precisam e
necessitam dos serviços de uma Biblioteca e, por razões geográficas, ela não
está próxima.
As suas origens coincidem com
a explosão da Revolução Industrial, que arrastou grandes massas populacionais e
transformou as necessidades e também as vontades de acesso as Bibliotecas.
As Bibliotecas Itinerantes
possuem no seu ADN essa necessidade de ir e estar mais perto de quem quer ou
necessita usufruir dos serviços dessa casa de Liberdade que é uma Biblioteca.
Esse esbater de fronteiras
geográficas e funcionais mantêm-se até hoje como a imagem de marca que
prevalece e que por todo o Mundo ,resiste, evolui e adapta-se as exigências de
um constante devir na produção e necessidades de Informação e Conhecimento, nos
mais diversos suportes e formatos.
Essa capacidade de adaptação,
circunstância obrigatória para quem faz da estrada o seu território funcional e
emocional tem sido a chave para a sua sobrevivência. Vivemos tempos em que o
acesso pode ser considerado universal, no entanto, tal como no passado existem
franjas (vastas) da população que se encontram fora do circuito habitual de
acesso normalizado a um serviço bibliotecário livre.
Valores como a Proximidade,
Periodicidade, Cumplicidade, Intimidade e Amizade ajudam (são essenciais!)
nessa missão de levar, transportar e disponibilizar Biblioteca.
A preocupação com as pessoas
contribuiu e por isso continua a contribuir para que os relatos sobre as boas vivências
individuais e comunitárias com as Bibliotecas Itinerantes, sejam idênticos em
qualquer das quatro partidas deste Mundo. Uma Biblioteca feita por pessoas para
pessoas!
Ir ao encontro das
necessidades e vontades daqueles que usam, abusam e desfrutam daquilo que
levamos e disponibilizamos é obrigatório e essencial no cumprimento da nossa
missão/paixão.
As Bibliotecas mudam (são obrigadas
a isso!) os espaços sacralizados de outrora dão lugar a espaços vivos que
convidam as comunidades a entrar, a estar, a usar. A desfrutar!
Essa ligação umbilical entre
Biblioteca/Comunidade e que nalguns casos foi/é o garante da sua sobrevivência
e resistência contra poderosas ameaças a sua viabilidade e existência, é
garantida e reforçada com a adequação dos serviços prestados com as reais
necessidades da população que usa ou que pode vir a usar dentro da Biblioteca.
As Bibliotecas Itinerantes são
Bibliotecas. Usufruem dessa enorme vantagem de estarem e irem ao encontro dos
seus visitantes/utilizadores/Amigos. Esse importante trunfo garante para já uma
enorme vantagem nessa relação fraterna, que importa valorizar e reforçar. Força
da sua natureza mais informal, podem ajudar a esbater barreiras (que ainda
subsistem) mais facilmente, para um total desfrute e usufruto de tudo o que as
Bibliotecas disponibilizam.
Quem diariamente e globalmente
fazem (e são muitos) acontecer as Bibliotecas Itinerantes por essas estradas,
terras e gentes do planeta Terra têm noção das suas especificidades funcionais.
Isso não nos transforma em melhores ou piores que todos os outros, apenas
diferentes nessa nobre missão de fazer acontecer Biblioteca, como um espaço
vivo de Liberdade e Fraternidade onde a Informação, o Conhecimento, os
Serviços, os Afectos são elementos primordiais na sua interação e integração na
Comunidade que serve e da qual depende.
“Bibliotecas ruins fazem
coleções. Bibliotecas boas realizam serviços (dos quais uma coleção é apenas um
deles). Bibliotecas excelentes criam comunidades” R.David.Lankes