Crónicas de um Bibliotecário-Ambulante
Gerações Num tempo em constante devir, em que os mais novos desistiram de ouvir e falar com os mais velhos e sábios, a Bibliomóvel tem sido um ponto de encontro de gerações.
Foi agradável assistir à reunião de três gerações representadas por Avó, Mãe e Filha numa animada conversa em que o tema era os livros e a leitura.
Á chegada da Bibliomóvel estão sentados num velho banco de pedra os “habituais” que versam sobre o tempo, meteorológico e cronológico, ainda pouco habituados a uma presença estranha, procuram no olhar e nos gestos sinais de confiança que a pouco e pouco se vai conquistando.
Sentadas num vão de escadas de uma casa abandonada pelas gentes e pelo tempo, Mãe e Filha falam sobre a “Vida” tema invariavelmente frequente nas conversas de todos os dias.
Um grupo de crianças aproxima-se e um pouco a medo vai entrando na Bibliomóvel, explorando os seus recursos, delineando estratégias de prazer em redor de livros, revistas e computadores.
Uma rapariga aproxima-se das duas senhoras sentadas, Mãe e Avó respectivamente, exibindo os livros que tão criteriosamente tinha escolhido. A partir desse momento a “Vida” deixa de ser tema de conversa e transforma-se numa improvisada sessão de “contadores de estórias”, em que os papéis se invertem. A Avó não sabe ler, mas diz: “ se os livros fossem tão bonitos como são agora…”. Na época o trabalho era muito e as bocas para alimentar também e a necessidade de ajudar levou-a a abandonar escola.
Mãe e Avó são agora duas crianças embevecidas suspensas na magia de uma história contada pelo olhar de uma criança. O título é apropriado “Avós” de Chema Heras e Rosa Osuna.
No grupo dos “habituais” as revistas de caça e pesca são avidamente folheadas e aos poucos a desconfiança inicial é quebrada, e as palavras vão fluindo…
No seio deste grupo um membro destaca-se pelo olhar melancólico com que passa pela revista de pesca. Por instantes regressa ao quotidiano duro de uma Campanha do Atum nos mares do Algarve, a que dedicou grande parte da sua vida mas da qual teve de desistir, vergado pelo peso da idade e pelas agruras da vida em alto mar, regressou a sua terra natal sozinho e da qual apenas guarda memórias frias e distantes.
O manancial de histórias de vida vai assim fluindo ao ritmo da ribeira que ao lado corre desmesuradamente e que sem barragem para a conter se irá perder.
O Papalagui
Gerações Num tempo em constante devir, em que os mais novos desistiram de ouvir e falar com os mais velhos e sábios, a Bibliomóvel tem sido um ponto de encontro de gerações.
Foi agradável assistir à reunião de três gerações representadas por Avó, Mãe e Filha numa animada conversa em que o tema era os livros e a leitura.
Á chegada da Bibliomóvel estão sentados num velho banco de pedra os “habituais” que versam sobre o tempo, meteorológico e cronológico, ainda pouco habituados a uma presença estranha, procuram no olhar e nos gestos sinais de confiança que a pouco e pouco se vai conquistando.
Sentadas num vão de escadas de uma casa abandonada pelas gentes e pelo tempo, Mãe e Filha falam sobre a “Vida” tema invariavelmente frequente nas conversas de todos os dias.
Um grupo de crianças aproxima-se e um pouco a medo vai entrando na Bibliomóvel, explorando os seus recursos, delineando estratégias de prazer em redor de livros, revistas e computadores.
Uma rapariga aproxima-se das duas senhoras sentadas, Mãe e Avó respectivamente, exibindo os livros que tão criteriosamente tinha escolhido. A partir desse momento a “Vida” deixa de ser tema de conversa e transforma-se numa improvisada sessão de “contadores de estórias”, em que os papéis se invertem. A Avó não sabe ler, mas diz: “ se os livros fossem tão bonitos como são agora…”. Na época o trabalho era muito e as bocas para alimentar também e a necessidade de ajudar levou-a a abandonar escola.
Mãe e Avó são agora duas crianças embevecidas suspensas na magia de uma história contada pelo olhar de uma criança. O título é apropriado “Avós” de Chema Heras e Rosa Osuna.
No grupo dos “habituais” as revistas de caça e pesca são avidamente folheadas e aos poucos a desconfiança inicial é quebrada, e as palavras vão fluindo…
No seio deste grupo um membro destaca-se pelo olhar melancólico com que passa pela revista de pesca. Por instantes regressa ao quotidiano duro de uma Campanha do Atum nos mares do Algarve, a que dedicou grande parte da sua vida mas da qual teve de desistir, vergado pelo peso da idade e pelas agruras da vida em alto mar, regressou a sua terra natal sozinho e da qual apenas guarda memórias frias e distantes.
O manancial de histórias de vida vai assim fluindo ao ritmo da ribeira que ao lado corre desmesuradamente e que sem barragem para a conter se irá perder.
O Papalagui
É sempre um bálsamo vir espreitar este espaço. Parabéns, Nuno, pelo teu trabalho. Como a vaidade humana não tem limites, gosto de pensar que um pequenino fragmento, um átomo daquilo que és profissionalmente, pode ter nascido algures, em algum minuto de alguma daquelas aulas.
ResponderEliminarUm abraço.
Continua.
Que blog bonito na forma e no conteúdo.Um feliz e inesperado acaso fez com que lhe tivesse açesso.Por favor continue.
ResponderEliminar,tyoyioiypuop,iopio
ResponderEliminar,yopyuyghipyu9.p9p0.8097.8'87'p0.908'.'90'.8908.........
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