CRÓNICAS DE UM BIBLIOTECÁRIO-AMBULANTE
Ultimo capítulo
longo destes anos de andanças da Bibliomóvel, tenho tido o privilégio e a honra de conhecer autênticos apaixonados pelo livro e pela leitura.
Alguns desses apaixonados vêm nos livros e na leitura portos de abrigo, para momentos em que importa apaziguar alguma solidão e isolamento a que foram vetados, por opção ou obrigados pelas inúmeras circunstâncias de vidas vividas.
Uma das realidades a que nos fomos habituando (sem realmente o fazer) foi a sensação de perca quando alguém dos nossos utilizadores/visitantes/Amigos, chega ao último capítulo desse extenso e intenso livro que é a Vida.
A notícia chegou e apesar da nossa última fugaz conversa ter ocorrido na passada 6ª feira e o seu estado de fragilidade galopante, não deixar grandes margens de surpresa, foi recebida com uma sensação de impotência perante um facto esperado e consumado.
A D.Eduarda foi desde a primeira visita (a seu pedido) uma das mais entusiastas utilizadoras/visitantes/Amigas da Bibliomóvel e do bibliotecário-ambulante.
Nestes últimos anos a Bibliomóvel deslocava-se de propósito a sua casa, para abastecer de livros e mitigar a sua fome de leitura e companhia.
Era também a D. Eduarda que nos ligava simplesmente a perguntar como tinha corrido o fim-de-semana, verificar a data da próxima visita ou simplesmente dizer: Olá, como está!
Como bibliotecário, sentia-me sempre muito feliz pelas imensas quantidades de livros da Bibliomóvel e pessoais que lhe emprestava e que ela retribuía. Como ser humano preocupava-me a excessiva tentativa de isolamento, muitas vezes em situações precárias, do resto do mundo que a rodeava.
Como última lembrança tenho uma encomenda que solicitou de um livro (que mais poderia ser!) para oferecer a uma sobrinha que tinha nascido havia 2 meses, e que ela queria desde o berço evangelizar para sua religião e para o seu deus: A Leitura e o Livro.
Espero que para onde tenha ido, exista por lá uma biblioteca bem recheada e abastecida pois sei que assim estará, finalmente FELIZ! RIP.
opapalagui
Este post é no mínimo, COMOVENTE!
ResponderEliminarBem haja José Rosa pelo comentário.
ResponderEliminarEra de facto uma pessoa especial com todas as suas especificidades, nem sempre compreendidas. Vou ter saudades!
Abraço
Parabéns por esse belíssimo trabalho que você fez conduzindo o Bibliomóvel,um mundo sobre rodas, e parabéns belo texto dedicado a D. Eduarda, com certeza ela está se entregando em palavras e saberes.
ResponderEliminarObrigado Ana Luiza!
ResponderEliminarÉ muito bom e empolgante para mim, como estudante da graduzção de biblioteconomia, ver trabalhos como este sendo realizados! Continue em frente, aliás, continuemos todos nós em frente, pensando sempre no ser humano, e não apenas em regras e técnicas...
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