CRÓNICAS DE UM BIBLIOTECÁRIO-AMBULANTE
quinta-feira, dezembro 16, 2010
segunda-feira, dezembro 13, 2010
segunda-feira, dezembro 06, 2010
sexta-feira, novembro 26, 2010
Maria de Jesus
A época de “garimpo do ouro liquido” leva invariavelmente por um lado ao esvaziamento das aldeias e por outro ao regresso dos filhos da terra espartilhados um pouco por todo lado deste país e arredores. Este retorno em busca de um tesouro líquido traz um novo alento, embora temporário a estas terras e gentes.
As andanças da Bibliomóvel também sentem obviamente estas alterações demográficas com a falta dos seus habituais visitantes/utilizadores/Amigos, falta essa que vai sendo mitigada pelos cumprimentos efusivos recebidos ao longo dos caminhos, pelos “garimpeiros do ouro liquido”, prontamente respondidos pelo toque estridente da buzina.
Á partida para mais uma jornada, que se adivinhava, porventura mais vazia que o habitual a Bibliomóvel e Bibliotecário-Ambulante rolavam para a saída da primeira paragem do dia, percorrendo ruas estreitas e sinuosas, tentando evitar a todo o custo encontros imediatos com as paredes que parecia que aproximavam-se cada vez mais e mais do chassis da Bibliomóvel.
Esse carrossel foi abruptamente interrompido pelo surgimento de uma “garimpeira” (vestida a rigor) de um quintal, que ao aperceber-se da minha passagem procurou, através de sinais com os braços chamar a minha atenção para que eu parasse. Parei!
-“Olá boas tardes!
-Boas tardes, como está!?
- Fui confirmar se era mesmo você ou uma carrinha de vendedores, queria falar consigo, por causa de uma tia minha que gosta muito de ler…
- Vamos lá então!
- O senhor vem cá a quanto tempo!?
- Há cerca de 4 anos!
- 4 Anos!!!!!!! Que pena a minha tia não sabia e como tem dificuldades em andar…
-Mas se for preciso, eu vou até casa dela.
- Ela mora mesmo ali, vou chamá-la!
Duma pequena porta saiu então uma senhora, amparada por um par de muletas, com nítidas dificuldades de locomoção. Com uma ajuda extra conseguiu entrar para dentro da Bibliomóvel e começou a perscrutar o seu interior em busca de preciosidades, preciosidades em forma de livros.
Durante o processo burocrático de preenchimento da ficha para o cartão de leitora, perguntei-lhe o nome.
-Como se chama!?
-Simplesmente e apenas Maria de Jesus!
o papalagui
quarta-feira, novembro 24, 2010
Se existem coisas da qual estou orgulhoso é de ter como Amigos, alguns dos criadores,animadores e defensores deste projecto FABULOSO!
Manter uma Biblioteca Itinerante numa zona sombra onde um povo sem terra e uma terra sem povo, teima em Resistir, Insistir e Nunca Desisitir de se afirmarem como uma Nação Livre.Ser referenciado na sua página é para mim uma enorme satisfação e motivo de orgulho.
Saudações Bibliotecárias-Ambulantes para o Povo Livre do Sahara Ocidental
segunda-feira, novembro 22, 2010
CRÓNICAS DE UM BIBLIOTECÁRIO-AMBULANTE
quarta-feira, novembro 10, 2010
sexta-feira, outubro 29, 2010
bibliomóvel e o bibliotecário-ambulante vão estar por aqui
quinta-feira, outubro 21, 2010
sexta-feira, outubro 15, 2010
quinta-feira, outubro 07, 2010
lista de nomeados ao Astrid Lindgren Memorial Award
175 nomeados a representar 62 países
Bibliomóvel de Proença-a-Nova representante de Portugal
segunda-feira, setembro 27, 2010
O livro que tínhamos começado a folhear e explorar a semana passada, era uma compilação de poesia popular de um concelho vizinho, com quadras e cantigas contadas,cantadas e declamadas nas mais diversas actividades domésticas, agrárias, nos processos de corte e do namoro ou num simples perpetuar de uma herança oral e sentimental.
Estávamos no inicio de um ano lectivo, onde pairava no ar o encerramento de algumas escolas e jardins de infância, no entanto mantinha-se a esperança daquelas gentes de ver o "seu" jardim de infância que funcionava paredes meias com o Centro de Dia, a salvo desta avalanche de encerramentos ditados pelo inexorável peso da desertificação e que proporcionava uma perfeita simbiose de afectos e saberes entre os que são e os que já foram meninos.
A entrada na sala de convívio da educadora e da auxiliar em nada fazia prever a avalanche de sentimentos que se avizinhava...
No fim da leitura, a educadora anunciou o encerramento definitivo do Jardim de Infância e distribuiu uma pequena lembrança personalizada a todas as senhoras, com fotografias das actividades do ano lectivo anterior que ilustravam na perfeição a perfeita relação inter-geracional existente nesta instituição.
As lágrimas caiam em torrentes pela faces de umas, outras entregavam-se a um mutismo carregado. Um silêncio ensurdecedor abateu-se sob a sala, aqui e ali alternado por lamentos, desabafos e desejos de felicidades mútuas.
A minha despedida com votos de regresso garantido no dia e hora habituais não serviu de grande consolo a um "exército" que naquela local se reúnem diariamente e que naquela manhã viram partir o seu pelotão mais activo, mais aguerrido, mais ruidoso e divertido na batalha diária contra a solidão e o isolamento.
No regresso a Bibliomóvel não pude deixar de lembrar as primeiras frases de uma das quadras que tinha acabado de ler...SAUDADE!
De se obter o que não temos
É querermos dar um beijo
Numa cara que não vemos
É a vontade de um ensejo
Que só tarde ou nunca obtemos
É um mal que dá na gente
E nunca dói, mas sente.
Saudades também são penas
E algumas fazem chorar
Produzindo certas cenas
que para nós são de admirar
Mas de grandes ou pequenas
Quem as sabe ajuizar
É só quem as traz no peito
E sofre do seu efeito.(...)"
Manuel Lopes Ribeiro