crónicas de um bibliotecário-ambulante
a 36ª tem…um "Terraço da Partilha"!
E tudo começa, como sempre com uma conversa
apanhada no meio de uma estrada:
“- você até que podia fazer um desvio e ir
até ali ao povo de baixo escusava eu de vir a pé até aqui!”. Podia ter sido
assim, como as anteriores foram, a implementação da 36ª estação. Um encontro,
um pedido e a concretização de uma nova paragem nesta rede funcional e afectiva
que são as andanças da Bibliomóvel de Proença-a-Nova. Não foi.
Uma conversa e uma reportagem televisiva levou-me
até ela e o desconhecimento sobre ela impulsionou-me a saber mais sobre ela.
Fiz perguntas sobre ela; pesquisei sobre ela; quis saber a melhor maneira de
chegar até ela. Este atrevimento foi recompensado e as redes sociais deram o
impulso final para chegar até a um dos moradores, proprietário de uma
micro-empresa de óleos aromáticos e através da sua página institucional foi
feito o primeiro contacto.
A primeira resposta, as primeiras
descrições das geografias e das pessoas foram marcantes e rapidamente percebi
que (ela) tinha tudo para ser uma daquelas paragens que deixam marca.
“-Aconselha-me algum sítio onde possa
estacionar a Bibliomóvel?
- Sim pode deixá-la no Terraço da Partilha!
- Terraço da Partilha??????
- Sim é o terraço de uma casa onde a aldeia
toda se junta para estar, conversar e partilhar. Daí o nome!”
Se dúvidas houvesse, depois desta troca de
mensagens elas dissiparam-se e no dia agendado a hora marcada a Bibliomóvel iniciou
a ingreme e sinuosa descida até ela. A 36ª.
Um pequeno povo de poucos habitantes e anda
menos possíveis utilizadores/frequentadores/Amigos daquilo que uma Biblioteca
leva e disponibiliza. A regra estatística da quantidade nunca foi tida em conta
nas andanças da Bibliomóvel. Existe uma pessoa, mas essa pessoa quer, gosta, precisa,
desfruta daquilo que levamos e proporcionamos? Vamos e estamos!
A aldeia do Carvalhal incrustada no fundo
das faldas da serra do Vergão, perto do caudal da Ribeira da Isna e onde o
verde ainda domina no horizonte lá nos recebeu e logo ao primeiro contacto
visual e funcional as boas sensações e emoções surgiram. As palavras trocadas,
as regras (poucas) explicadas, as solicitações pedidas, as palavras de boas
vindas, as promessas de regresso tudo se conjugou num final de tarde a raiar a
perfeição.
E agora!? Agora é continuar a fazer
acontecer as andanças de uma Biblioteca Pública sobre rodas em estradas, terras
e gentes de Proença-a-Nova, tal como fazemos desde o dia 26 de Junho de 2006 em
busca de Pessoas ou de uma Pessoa que acredite e sinta o poder de mudança que
uma Biblioteca pode ter no seu quotidiano.
Existe uma Pessoa!? Nós vamos, estamos e damos
aquilo que transportamos.
A caminho da 37ª…ela vem aí!
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