crónicas de um bibliotecário-ambulante
Bibliotecas –
Zeladoras de passados e produtoras de amanhãs
O património
imaterial assemelha-se a um puzzle interminável, onde a aparente e inexistente
ligação entre as peças contribui para a identificação de um povo, comunidade e
nação.
A frase batida, dita vezes sem conta, de que um
povo sem memória é um povo sem história e sem futuro, renova-se todos dias e
todos os dias são dias para renovar o compromisso de recuperar, estudar e
difundir essas memórias colectivas.
As bibliotecas
podem e são com certeza intervenientes por excelência nesta missão. Não apenas
porque está contemplado nas mais diversas directrizes orientadoras (IFLA/UNESCO),
mas principalmente porque as bibliotecas são locais de encontro, partilha e
difusão de informação e/ou conhecimento.
O património
imaterial é isso precisamente: partilha e encontro de memórias, saberes e tradições
que fazem no seu todo a identidade de uma povo /comunidade.
A proximidade,
a periodicidade e afectividade com que as bibliotecas baseiam ou deveriam
basear as relações com os seus frequentadores, são campo fértil para a recolha directa
dessa memória colectiva.
O projecto Ecos de Proença teve a sua génese na
partilha e recolha de diversos aspectos da cultura popular desta comunidade
servida pela BiblioMóvel (biblioteca itinerante de Proença-a-Nova). Aquilo que
no início era apenas pedaços desgarrados, colhidos aqui e acolá e tratados pelo
bibliotecário responsável, foi crescendo em quantidade e qualidade.
Apresentado ao
Gabinete de Imagem e Comunicação do Município de Proença-a-Nova, esta amálgama
de palavras e imagens sentidas e vividas, ganhou consistência e foi lançada na
rede social ,
como um projecto que pretende envolver a memória das memórias de uma
comunidade: Proença-a-Nova.
O maior trunfo
do projecto está nos contributos enviados pela comunidade. Espicaçar as
memórias veio revolver velhos baús e limpar de pó álbuns de fotografias esquecidos
numa qualquer prateleira ou caixa, debaixo de uma cama.
Embora o
material fotográfico esteja em maioria, apelamos também para a recolha de
histórias de vida, tradições ancestrais, costumes passados e tantas vezes
esquecidos.
As novas
tecnologias colocaram ao nosso dispor tecnologia de som e imagem, democratizando
o seu manuseamento e utilização.
Durante este mês
de presença nas redes sociais, o interesse tem vindo aumentar e as
contribuições chegam a bom ritmo.
Mas mais
importante que isso, tem sido esse desvelar de memórias longínquas mas ao
alcance do coração.
Este
património imaterial vive e sobrevive pois é nele que se pode e deve inventar o
amanhã.
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